domingo, fevereiro 22, 2009

Plunct! Plact! Zum!

Eu fico muito na sacada porque as casas ficam me olhando
De manhã também tem silêncio até...
que burburinho queira ser barulho e eu não sou surdo
O carro vermelho queria ser azul
e me falou disso quando dizia da sua preferência pelo amarelo
Os pombos pensam que a vida é um filme de Hitchcock...
As loucuras do rei George são melhores que as minhas
Prefiro um controle remoto do que um descontrole próximo
O último amor que tive não me disse nada do próximo
Por falar nisso acho que nunca tinha falado nisso
Quando tenho sono fico acordado de propósito porque...
parece que vou sempre dormir sem querer
O que a gente faz sem querer era melhor querer depois
E se depois do depois vem o depois tem um depois que é antes
Mas o dia não abriu só para secar as roupas que coloquei no varal
Uma moeda pelo que você está pensando,
uma nota pelo que está sonhando
e um cheque pelo que está desejando
Não querer sempre foi a melhor forma de conseguir o que se quer
Silêncio de luzes quando os olhos estão fechados,
as cores nas palavras não pintam de rosa os poemas
pois que os gostos dos sons não se temperam tão facilmente
e tocar algo tão sem sal era melhor ter botado açúcar
para não deixar no ar o cheiro desses pensamentos
Mais um passo, outro, mais outro
Pronto, caminhamos e não temos rumo
Tic-tac, tic-tac, tic-tac um dia após o outro, seu tempo acabou, tic-tac
Nenhum táxi me levaria de volta à infância...
por preço nenhum desse mundo!
Nenhum trem me traria de volta de longe quem já morreu
Sibipiruna e Tabebuia... prazer: fulano de tal
Já ia dormir, mas se alguém gritar lá fora de novo venho escrever mais
Eu devia estar contente porque tenho um emprego...
um trem vem trazendo as cinzas do velho neon...
mas o que vem deslizando em brumas de mil megatons?
Eu que não me sento no trono do apartamento...
piso a areia macia da praia imaginária de uma vida fictícia
que seria minha se as ondas do mar não me trouxessem tanta certeza
De que a dor dessa vida faz plunct! plact! zum!
Só para me dizer "não vai a lugar nenhum"

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Ah! Quintana...

Eu queria escrever um Quintana como Quintana,
Minhas ruazinhas de encantos e desencantos...
Mas só tenho minhas avenidas de desastrosos sentimentos,
Que atravesso sempre de olhos bem fechados,
Na esperança de ser atropelado por você.

Mas abro os olhos já do outro lado dessa rua,
Incólume, na ilusão de estar estatelado no chão.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Esquecer

Vou apagar seu nome das lembranças daqueles dias que não voltam mais,
E vou pronunciar apenas todos aqueles meus versos de esquecimento,
Todas as mentiras bem construídas que nos ajudam a viver,
Esquecer é quase acreditar que não aconteceu... não aconteceu!
Nem que viver se torne apenas isso que é tão pouco, ou bem menos.
Não importa! O importante é não ter essas tolas esperanças nunca mais,
Esperanças que brotam renitentes de lembranças que são assim,
De pensar mais em como vivo sem você do que como você vive sem mim.