domingo, setembro 19, 2010

Estes versos no ar

Eu pararia agora estes versos no ar
E deixaria a poesia no tempo, suspensa
Pregaria nas dobras do vento cada lampejo de emoção
E no horizonte largaria cada palavra que fosse minha
Para que fossem todas tuas na solidão de teu silêncio
E para que, talvez, no silêncio engendrado entre nós
Todo o amor que agora me pesa no peito até sufocar
Pudesse se libertar como algo mais do que palavras
Que a minha poesia anda tanto a remoer esquecimentos
E perde cada palavra que nasce para não ser ouvida
E deixa partir cada uma delas sem saber se são sentidas
Se tocam o mais profundo do nosso mais absurdo abismo
Onde por tão pouco ou quase nada sepultamos nossas vidas