quarta-feira, dezembro 07, 2011

Sou feliz assim

sou feliz assim
com as coisas pequenas,
as mais pequenas,
bem pequenas
do meu tamanho...
com a coisa pouca,
bem pouca,
mesmo que pareça louca
a coisa à toa, a boa, a coisa voa
e a gente voa na vida no tempo
que nos devora de mansinho
que se esgota devagarinho
e acaba de uma vez só...
sou feliz assim
enquanto vivo
e vou vivendo
um dia como um dia só
(não tenho história, tenho cenas...)
os “ontens” acabaram
os amanhãs não vieram
e nem me deram
a chance de poder escolher
entre o que tenho e o que não sou
entre o que eu penso e o que não vejo
entre o que imagino e o que nem desejo
e entre o que não sonho e o que vivo...

segunda-feira, outubro 10, 2011

Perdas e Danos

Muito a contragosto
O olhar se despediu de antigamente
Na boca calada
A palavra amarrada ao silêncio
Um gosto amargo de esquecimento
Por um momento
O coração para e um medo avança
E nada estanca essa dor a escorrer
Hesita o passo de mais essa saudade
E toda a esperança morre em meus braços

E me vejo disposto
A buscar no inferno todos os amores que me mataram
Na alma cansada
Amarrada nesse nada de um tempo que nunca foi
Um gosto sempre amargo de sofrimento
Por um momento
O tempo para e a morte avança
E nada descansa dessa dor a doer
E toda possível idéia de felicidade
É só outra esperança a morrer em meus braços

segunda-feira, setembro 12, 2011

Até tudo se apagar

Olhou-me dentro dos olhos
E não viu o fogo que ardia
Na acolhida de um abraço
Não viu a força de acolher
Foi escolher viver distante
E se esconder no absurdo silêncio
Foi morar no inimaginável deserto
Onde vão dar todos os esquecimentos...

Amou-me dentro da vida
E não viu que era fogo o amor que ardia
Perdida num deserto de esquecimento
Até tudo se apagar assim para sempre
O amor, o olhar, o fogo, a vida...

18/08/2011 – 10:50






Escolho esquecer

Trago até o agora
Todas as histórias do tempo.
E as lágrimas de antanho,
Vertidas no momento,
Inundam uma vida inteira...
Flor ou fruto peçonhento:
Jardim ou pomar, deserto,
(A floresta verdadeira)
Perdido, longe ou perto,
Viver é um momento estranho,
Histórias que ora se perdem
No lá fora, no sem tempo...
No que acabou agora
Bem no topo do momento.

Trago para o fim
Todos os olhares do começo.
E viajo sempre assim
Na dor que mais padeço...
A vida, essa, não é para mim:
Qualquer felicidade eu não mereço,
No deserto tudo acabar assim
Sem ter por mim qualquer apreço.
Trago aqui dentro de mim
Todas as palavras que esqueço,
Essa poesia jardim ou pomar
(Fruto ou flor fenecida...)
Nesse deserto que não tem fim
Entre sonhar, viver, amar
Escolho o que não tem vida:
Escolho esquecer de mim.

terça-feira, junho 28, 2011

Se me pedisses

Se me pedisses, eu perderia minha alma
Se a tivesse...
Se me pedisses eu imolaria o meu corpo
Nas chamas do inferno que nos separa
Se eu pudesse...
Se me pedisses eu reescreveria a história
Apagando os silêncios e as marcas do tempo
Se eu quisesse...
Se me pedisses eu mataria o morto em mim
E renasceria tudo de novo mais uma vez
Mas se eu fizesse...
Temeria morrer novamente por amor
Só de te ver partindo outra vez

É tua ausência a essência dessa dor
E a saudade a marca de minha mudez
Nessa vida a gente só muda de dor
A solidão nunca é a mesma, talvez
Descansa de tua ausência, meu amor
E me traz toda tua dor outra vez...


(01/03/2011 - 18:12)

quinta-feira, junho 09, 2011

Olha-me nos olhos

Olha os horizontes
Não por teus olhos, mas pelos meus
Ouve os rumores mais inquietos
Não dos teus, mas dos meus sentimentos
Ri do que quiseres, chora se puderes
Aprende de teus próprios olhares
A não buscar tanto neles os meus
As minhas não são as tuas dores
Mesmo de amores elas não são de ninguém
Vê o mundo com as suas supostas cores
Que dores e amores eu tenho também

Mas não me tomes nunca por teu
E no que se perdeu não te faças minha
Tua vida é o que ninguém por ti escolheu
É o que se perdeu no que minha vida não tinha

A linha que nos separa é o que sugere
Que se espere que algo nos unifique
E que a qualquer dos dois desespere
E que por amor ou falta dele nos petrifique
Talvez seja tua alma que minha alma fere
Uma querendo partir e outra querendo que fique

Olha-me e nos meus olhos não verás os teus
Em teus olhos eu perdi os olhares dos meus
Um adeus a buscar cores em outros amores
E em outros sentimentos uns novos rumores

quarta-feira, março 02, 2011

Intempestivamente

As palavras ficaram todas ali, perdidas, impregnadas de silêncios

Grudadas nestas paredes mudas e agarradas aos pensamentos

Em tudo que limpei ontem, muito sujo por fora e por dentro

Matei uns versos antes de nascerem, pus uns poemas para correr

Cotejei todos os inúteis olhares, não pude mais ver o que olhar

Para onde voltar que não seja a pura desolação inquieta e pura

Às vezes ando só. E vou tentando entender o traço dessa solidão

E por vezes triste pelos poemas que se vão e os versos que matei

E matei mais dentro de mim até o cúmulo de querer matar o vazio

Este, imortal posto que é feito daquelas coisas todas que não existem

O pior de tudo são os silêncios que se apoderam do que há por dizer

E padecer de todas as tuas ausências, essas distâncias impostas

Esse deserto de angústias que são só minhas, emoção que definha

Enquanto o tempo abre a sua bocarra horrenda e tudo consome

O amor e qualquer lembrança dele, a beleza das cores que tinha

Meu desejo, minha sede, minha fome, a saudade, teu rosto e teu nome

(01/03/2011 – 13:51)