quarta-feira, março 02, 2011

Intempestivamente

As palavras ficaram todas ali, perdidas, impregnadas de silêncios

Grudadas nestas paredes mudas e agarradas aos pensamentos

Em tudo que limpei ontem, muito sujo por fora e por dentro

Matei uns versos antes de nascerem, pus uns poemas para correr

Cotejei todos os inúteis olhares, não pude mais ver o que olhar

Para onde voltar que não seja a pura desolação inquieta e pura

Às vezes ando só. E vou tentando entender o traço dessa solidão

E por vezes triste pelos poemas que se vão e os versos que matei

E matei mais dentro de mim até o cúmulo de querer matar o vazio

Este, imortal posto que é feito daquelas coisas todas que não existem

O pior de tudo são os silêncios que se apoderam do que há por dizer

E padecer de todas as tuas ausências, essas distâncias impostas

Esse deserto de angústias que são só minhas, emoção que definha

Enquanto o tempo abre a sua bocarra horrenda e tudo consome

O amor e qualquer lembrança dele, a beleza das cores que tinha

Meu desejo, minha sede, minha fome, a saudade, teu rosto e teu nome

(01/03/2011 – 13:51)