quarta-feira, setembro 19, 2007

Desolação

Seu cheiro pela casa
Sua ausência chega, entra e se instala
Há ecos ainda de seu sorriso
Reflexos de olhares seus nas paredes da sala
Vejo você com o rosto entre as mãos
Enfeitando a bagunça dos livros na mesa
E debruçada na janela displicente
Adivinhando minhas paisagens
Ainda está ali o seu calor na cama
O perfume de seus cabelos no travesseiro
Tem muito de você no abraço da poltrona
E no sofá tão pequeno no qual nem cabe
Tem uma lua olhando você na sacada
E uma escada que lhe traz à porta tão burra
Que não sabe nunca que é você que chega
Porque se soubesse já se abriria lisonjeira
A toalha vermelha mais do que eu tocou seu corpo
Meus chinelos depois de serem por você calçados
Nunca mais me quiseram
Os papéis perguntam de você
Os poemas falam só de você
E um parque fica lindo quando vê você
E em tudo tem tão pouco de mim, sem você
O trem que leva você gargalha nos trilhos
Maldito comboio de duro e frio ferro
E o trem que lhe traz se arrasta com inveja
Cada madrugada se cala
Como cada hora que é eterna de solidão
Quando a rua vazia avisa: você não vem

11/10/2006 - 11:25

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