Eu tinha prometido não mais escrever cartas. Eu tinha prometido não prometer. E, principalmente, eu tinha prometido não descumprir promessas. Mas eis que me prostro aqui diante dessa ânsia que deve vir do teclado, essas letras fora de ordem, pedindo para fazerem algum sentido, ou juntarem-se para fazer sentido nenhum. Agora já não me importa. Rendi-me ao feitiço e à maldição de me enredar pelos meandros do que as palavras querem dizer ao mesmo tempo em que querem esconder.
Então não continuamos. Tudo que era tão bom não continuamos. A vida é mais real que o amor e tem que ser vivida, atendida, satisfeita. Os afazeres, o ter, o ser, o poder, o dever. Esconder-se sob uma fachada vazia de sentimentos, os sentimentos não importam, os sentimentos não contam, eles atrapalham a vida real que tem que ser satisfeita, realizada, em primeiro lugar, antes de tudo o mais.
O que eu queria dizer ao telefone foi tudo o que eu não queria dizer mas que era somente o que havia para dizer. Muda alguma coisa falar de mim para você? Todas as decisões estão tomadas implacavelmente, inapelavelmente. Irreversíveis. Então não posso ainda colocar-me diante de você assim simplesmente, com o “ainda há pouco” no encalço de cada meu passo, meus pensamentos e lembranças. Não posso ver você sem ver você. Posso não ver você mesmo sabendo que não posso esquecer você. Mas ver você, agora, se não esqueci quem você é, a pessoa que mora em você.
Estou triste sim. Avisei que estaria. Estou mal. E estou assim sozinho, sem a ajuda de ninguém, e sem o devido estorvo. Estou triste e sozinho com as reminiscências tão doces do que tudo passamos. E que passou. Enquanto eu fico.
Você não pode me oferecer ajuda. Isso significa que terá que me ajudar. E nem pode me consolar, preocupar-se comigo, talvez sentir pena ou uma espécie de obrigação advinda da gratidão. Isso significaria que você teria que ser você para mim.
Então não continuamos. Tudo que era tão bom não continuamos. A vida é mais real que o amor e tem que ser vivida, atendida, satisfeita. Os afazeres, o ter, o ser, o poder, o dever. Esconder-se sob uma fachada vazia de sentimentos, os sentimentos não importam, os sentimentos não contam, eles atrapalham a vida real que tem que ser satisfeita, realizada, em primeiro lugar, antes de tudo o mais.
O que eu queria dizer ao telefone foi tudo o que eu não queria dizer mas que era somente o que havia para dizer. Muda alguma coisa falar de mim para você? Todas as decisões estão tomadas implacavelmente, inapelavelmente. Irreversíveis. Então não posso ainda colocar-me diante de você assim simplesmente, com o “ainda há pouco” no encalço de cada meu passo, meus pensamentos e lembranças. Não posso ver você sem ver você. Posso não ver você mesmo sabendo que não posso esquecer você. Mas ver você, agora, se não esqueci quem você é, a pessoa que mora em você.
Estou triste sim. Avisei que estaria. Estou mal. E estou assim sozinho, sem a ajuda de ninguém, e sem o devido estorvo. Estou triste e sozinho com as reminiscências tão doces do que tudo passamos. E que passou. Enquanto eu fico.
Você não pode me oferecer ajuda. Isso significa que terá que me ajudar. E nem pode me consolar, preocupar-se comigo, talvez sentir pena ou uma espécie de obrigação advinda da gratidão. Isso significaria que você teria que ser você para mim.
E tudo isso é o que você agora não quer.
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