Fui escrever mais uma carta, saiu um poema, saiu na frente, nas folhas do caderno. Saiu como se quisesse me arrancar de dentro de mim. Eu menti na carta de ontem, descumpri o prometido, não escrever mais cartas e nem poemas.
Não fui à universidade na segunda, para não ver você. Eu sabia que ia sofrer. Fugi com medo, fugi desse sofrimento inútil. E no dia seguinte não tivemos as duas primeiras aulas, fui para o bar jogar meus pensamentos e qualquer resquício de raciocínio em algumas partidas de xadrez e nenhuma conversa que me tirasse de tudo isso tão fundo em que me meti.
Fumei no hall em frente à rampa. Olhei para a biblioteca avisando minhas pernas que lá eu não iria, que não queria, menos do que podia. Desci a rampa em direção ao bar, comprar cigarros e tomar uma cerveja. O professor não veio, voltei para o xadrez e mais cerveja. Olhava a rua na esperança tola de você aparecer. Então tive medo disso e ali fiquei, matando também as duas últimas aulas. Queria ir embora logo, antes que acontecesse o que eu não queria.
Seus colegas de sala chegaram e suspirei aliviado, você tinha ido embora. Foi quando resolvi ficar. Mas você apareceu, dizendo que era aniversário do nosso amigo que ali estava. Mas não o cumprimentou e podia ter feito isso na sala. Você foi e ficou menos de meio minuto.
Dei-lhe a ultima carta e depois fiquei tentando lembrar o que tinha escrito. Com a última foram todas as outras que tinha escrito, para que desse a elas o fim que bem entendesse.
Lembrei-me da conversa ao telefone e me senti um idiota (e não gosto desse adjetivo).
E agora depois do almoço sei que o telefone não vai tocar. E depois sei que se vir você vai ser por acaso, ou se não for vai ser por tão pouco tempo. Dormi no metrô e perdi minha estação, tive que ir para casa um bom pedaço a pé, e não gosto de andar com certos estados de espírito. Subi a Av Águas de São Pedro, virei na Nova Cantareira, desci a Leôncio de Magalhães para pegar meu apartamento de frente, nenhuma luz acesa em nenhuma das janelas. Que acontece sempre comigo de me nascer uma tola esperança de imaginar que lá você estaria toda vez que eu chegasse. Não estava. Dormi tarde, acordei tarde e tudo tem sido tão tarde em minha vida, que me sinto cansado.
Cansado a ponto de não poder dormir. Nem um pouco.
Esperando, sempre esperando. Esperando que tudo não passe de um sonho ruim e que eu acorde e veja isso, que o sonho ruim acabou.
E acho que você foi ao bar para me ver. Mas queria ver que eu estivesse bem, para confortar-se em algum seu sentimento de culpa ou gratidão, todos os dois desnecessários. Foi ver se eu estava bem, para poder confirmar sua decisão, para poder sentir-se isenta da responsabilidade que nunca lhe imputei. Foi ver se eu vivia, se eu sorria, se eu esquecia.
Só não viu que eu fingia viver, fingia sorrir, fingia esquecer. Para você poder seguir seu caminho sem que eu pesasse sobre você.
Não fui à universidade na segunda, para não ver você. Eu sabia que ia sofrer. Fugi com medo, fugi desse sofrimento inútil. E no dia seguinte não tivemos as duas primeiras aulas, fui para o bar jogar meus pensamentos e qualquer resquício de raciocínio em algumas partidas de xadrez e nenhuma conversa que me tirasse de tudo isso tão fundo em que me meti.
Fumei no hall em frente à rampa. Olhei para a biblioteca avisando minhas pernas que lá eu não iria, que não queria, menos do que podia. Desci a rampa em direção ao bar, comprar cigarros e tomar uma cerveja. O professor não veio, voltei para o xadrez e mais cerveja. Olhava a rua na esperança tola de você aparecer. Então tive medo disso e ali fiquei, matando também as duas últimas aulas. Queria ir embora logo, antes que acontecesse o que eu não queria.
Seus colegas de sala chegaram e suspirei aliviado, você tinha ido embora. Foi quando resolvi ficar. Mas você apareceu, dizendo que era aniversário do nosso amigo que ali estava. Mas não o cumprimentou e podia ter feito isso na sala. Você foi e ficou menos de meio minuto.
Dei-lhe a ultima carta e depois fiquei tentando lembrar o que tinha escrito. Com a última foram todas as outras que tinha escrito, para que desse a elas o fim que bem entendesse.
Lembrei-me da conversa ao telefone e me senti um idiota (e não gosto desse adjetivo).
E agora depois do almoço sei que o telefone não vai tocar. E depois sei que se vir você vai ser por acaso, ou se não for vai ser por tão pouco tempo. Dormi no metrô e perdi minha estação, tive que ir para casa um bom pedaço a pé, e não gosto de andar com certos estados de espírito. Subi a Av Águas de São Pedro, virei na Nova Cantareira, desci a Leôncio de Magalhães para pegar meu apartamento de frente, nenhuma luz acesa em nenhuma das janelas. Que acontece sempre comigo de me nascer uma tola esperança de imaginar que lá você estaria toda vez que eu chegasse. Não estava. Dormi tarde, acordei tarde e tudo tem sido tão tarde em minha vida, que me sinto cansado.
Cansado a ponto de não poder dormir. Nem um pouco.
Esperando, sempre esperando. Esperando que tudo não passe de um sonho ruim e que eu acorde e veja isso, que o sonho ruim acabou.
E acho que você foi ao bar para me ver. Mas queria ver que eu estivesse bem, para confortar-se em algum seu sentimento de culpa ou gratidão, todos os dois desnecessários. Foi ver se eu estava bem, para poder confirmar sua decisão, para poder sentir-se isenta da responsabilidade que nunca lhe imputei. Foi ver se eu vivia, se eu sorria, se eu esquecia.
Só não viu que eu fingia viver, fingia sorrir, fingia esquecer. Para você poder seguir seu caminho sem que eu pesasse sobre você.
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